Poesias e Poemas

AUSÊNCIA

Apalpo-me e sinto que não estás em mim.

Biopsio-me e não estás em mim.

– Onde estás que não te vejo? –

Indago a mim e aos caminhantes solitários tardios.

Sei! És só pensamento!

 

Uma flor desabrocha no jardim!

 

Orgulhar-me-ia de tê-la em mim.

Dispo-me absoluto e esvazio-me inteiro.

– Onde estás que não te percebo?

 

Sei! És só encantamento!

 

Uma criança nasce querubim!

 

Avesso-me de corpo e alma e não te percebo em mim.

Transcendo-me, indefiro-me e percebo a rigidez da solidão.

Onde estás que não te sinto?

 

– Como encontrar-te se não existes?

– Como amar-te se és só pensamento?

– Como venerar-te se és só encantamento?

 

As coisas complexas da vida atormentam

A mim e aos anjos.

Vou-me vazio, vazio, tal transeunte ébrio de solidão.

 

OBS.: No poema AUSÊNCIA, o eu-lírico ou o eu-poético, procura a pessoa amada que não existe, mas nas suas ações de não a encontrar, surgem situações muito positivas, como o desabrochar de uma flor no jardim e o nascimento de uma criança querubim.

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