AUSÊNCIA
Autor: Harry Wiese
Apalpo-me e sinto que não estás em mim.
Biopsio-me e não estás em mim.
– Onde estás que não te vejo? –
Indago a mim e aos caminhantes solitários tardios.
Sei! És só pensamento!
Uma flor desabrocha no jardim!
Orgulhar-me-ia de tê-la em mim.
Dispo-me absoluto e esvazio-me inteiro.
– Onde estás que não te percebo?
Sei! És só encantamento!
Uma criança nasce querubim!
Avesso-me de corpo e alma e não te percebo em mim.
Transcendo-me, indefiro-me e percebo a rigidez da solidão.
Onde estás que não te sinto?
– Como encontrar-te se não existes?
– Como amar-te se és só pensamento?
– Como venerar-te se és só encantamento?
As coisas complexas da vida atormentam
A mim e aos anjos.
Vou-me vazio, vazio, tal transeunte ébrio de solidão.
OBS.: No poema AUSÊNCIA, o eu-lírico ou o eu-poético, procura a pessoa amada que não existe, mas nas suas ações de não a encontrar, surgem situações muito positivas, como o desabrochar de uma flor no jardim e o nascimento de uma criança querubim.