ESCRITORES E SUAS INSPIRAÇÕES
Autor: Nelson Secchi
ESCRITORES E SUAS INSPIRAÇÃOES
Nelson Secchi(*)
Convidado pela ALBSC – Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina - Seccional de Ibirama a escrever, para o Jornal Vale do Norte, um dos artigos que comemoram o primeiro aniversário do Dia do Escritor de Ibirama, na data de 28 do corrente mês, achei instigante uma pergunta sobre o motivo de alguém pensar em escrever; pergunta que cada um dos escritores deve se fazer em algum momento da vida: afinal, o que me leva a ser romancista, ensaísta, poeta, dramaturgo?
A explicação mais óbvia, sempre me pareceu, seria a extrema magia que os livros podem nos proporcionar, principalmente, quando temos contato com o mundo das letras desde a primeira infância. O poder mágico dos livros nos transporta para o mundo da imaginação e, de repente, mais uma vez por uma força mágica, já não sabemos mais com certeza se somos presas do mundo mágico ou artífices da própria magia.
O PAPEL DOS LIVROS NA ESCOLA
Antes dos 10 anos de idade, eu estudava numa pequena escola do interior. Mesmo sendo pequena, a escola contava com uma pequena biblioteca, nos fundos da sala, com algumas dúzias de livros que ficavam disponíveis para os alunos. Foi encanto à primeira vista. Ler passou a ser um dos meus maiores prazeres ao longo de toda a vida.
Na adolescência, já no, então, ginásio, o colégio dos Irmãos Maristas tinha uma biblioteca muito maior, uma variedade enorme de livros, um verdadeiro refúgio para os amantes da literatura. Para o bem ou para o mal, dentre os muitos livros, caiu-me em mãos uma espécie de relatório das expedições do Marechal Rondon, contando suas aventuras pelas aldeias indígenas, durante a implantação das linhas telegráficas que ligariam o Brasil central à Amazônia. Para um adolescente da época, aquilo pode ter sido uma overdose de exotismo e aventura...
O FASCÍNIO PELA AMAZÔNIA
Não me surpreende que na vida adulta eu tenha dado um jeito de passar em torno de duas décadas trabalhando na Amazônia. Com os desafios do trabalho e algumas viagens épicas em situações surreais, surge a vontade de escrever sobre a realidade amazônica. Dois livros, ambos de 1980 – Galvez, Imperador do Acre e Mad Maria – do escritor amazonense Márcio Souza, foram a principal motivação para essa aventura literária. Passadas mais uma década e meia, eis que dou por concluída uma nova tarefa: a publicação dos três livros do meu “Ciclo Amazônico”.
Como se pode ver, é possível que ninguém saia impune (no bom sentido, espero!) das boas leituras que tenha desfrutado durante a vida. Resta saber se as novas gerações continuarão lendo bons livros no futuro, ou se seremos condenados à linguagem telegráfica das mídias sociais.
(*) Pedagogo e escritor, é membro da ALBSC – Seccional de Ibirama. Seu terceiro romance da série Ciclo Amazônico, com o título Mundico, um cineasta amazonense, editado pela Viseu, já se encontra disponível na Amazon, (versão digital). A edição impressa pode ser encontrada em algumas das grandes redes de livrarias do País.